Humberto Zanetti
No ano de 2006 um consultor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Seely Brown, comentou em entrevista sobre a falta de investimento das escolas e universidades de todo o mundo na elaboração de projetos educacionais que utilizem recursos de web 2.0.
Brown enfatiza que tais projetos poderiam introduzir nos alunos a cultura de divulgar e debater ideias, como no uso de redes sociais, wikis, blogs, entre outros.
Esse princípio é sempre enfatizado por pesquisadores na área da Educação: dar a possibilidade de o aluno se tornar mais do que um ser passivo na etapa de aprendizagem. O aluno pode se tornar um agente pensante que veja nessas ferramentas a oportunidade ideal, estimulado pela possibilidade de formar e trocar conhecimentos. Ou mais, participar do ambiente como co-autor.
O princípio de co-autoria é defendido, já há alguns anos, por grandes nomes na área de Educação, como Paulo Freire, que defende o espaço de aprendizagem como um ambiente de interação, onde os papéis de emissor e receptor não são evidentes, sem fronteiras tão marcantes, trazendo o aluno como um elemento colaborador para construção do conhecimento.
Podemos entender essa interação como uma relação entre professor e aluno na formação do ambiente educacional, no diálogo proposto e na criação do material a ser discutido.
Com o uso de um ambiente colaborativo, como redes sociais, o professor por sua vez terá a oportunidade de verificar aspectos muitas vezes difíceis de serem identificados em uma sala de aula, como a capacidade de elaborar textos, pesquisar sobre um assunto, dar uma opinião e debater a de outros.
Essa rede de comunicação também pode agregar valores à instituição de ensino. Um wiki bem desenvolvido, por exemplo, pode ser usado como ferramenta de pesquisa para alunos futuros, formando uma enciclopédia particular. Uma rede social bem focada e administrada poderia prover um elo entre o aluno e a escola quando o mesmo não estiver nela.
A princípio essa metodologia deve ser inserida gradativamente, com uma mescla de atividades em sala e em ambiente virtual. Seria válido o professor trabalhar em aula o conceito, as ferramentas e os objetivos e trazer aos poucos, posteriormente, em cada aula, o estímulo ao uso da tecnologia. Após esta etapa, o professor pode explorar o uso da comunidade virtual como uma extensão do trabalho em sala, deixando o espaço livre para colaboração.
Claro que há barreiras nesse processo: primeiro, nós educadores, que devemos nos atualizar e usar essas ferramentas, atividade que necessita de tempo e trabalho extras, para adequar-se a essa nova metodologia e agregar melhorias ao processo educativo. O outro problema seria levar nossos alunos a esse ambiente, com o qual a maioria já está familiarizada em termos de dinâmica e tecnologia, mas não entende como tirar proveito a favor do ensino e aprendizagem, como atuar de maneira correta como colaborador.
Cabe a nós professores, a tarefa de abrir os olhos deles para essa nova oportunidade. Atualmente temos ferramentas gratuitas para esse fim, a nossa única preocupação seria mudar o processo de aprendizagem para que não seja mais somente transmitir o conhecimento, mas sim ensinar nossos alunos como usá-lo, como modificá-lo e até mesmo (por que não?) discordar dele.
*Humberto Zanetti é professor pela Anhanguera Educacional S.A., freelancer e pesquisador em arquitetura da informação, user interface e design de interação.
ZANETTI, Humberto. Redes sociais como ferramente de ensino. Conexão Professor. Disponível em: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/temas-especiais-26k.asp. Acesso em: 01/06/2011.
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